sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O anel de ouro de Iolanda e o nome dado

Pelos morros do pequeno vilarejo de Anhagaba, se via ao longe a figura de Iolanda Gusmão, doce jovem de cabelos cor de mel que trazia em si uma beleza ímpar de todas as outras moças do lugar. Se escondia por detrás dos longos vestidos e era ansiosamente esperada por passar entre as vielas e escombros de uma terra de ninguém.

Pouco se sabia daquela jovem rapariga, que trazia em seu dedo anelar, uma aliança da cor do ouro e brilhante como a luz do sol, que resplendia aos olhos de quem ousasse olhar tão profundo sobre ele. Seria ela desposada de alguém? E quem deixaria aquela bela donzela desprovida de cuidados em um lugar onde as moças são rendeiras e os homens pescadores, tão ogros que eram incapazes de respeitar até mesmo a mãe do único padre da Capelinha de São Pedrinho, assim chamado pela imagem de um pequeno pescador encontrado a anos dentre os destroços de uma embarcação que antropólogos dataram a anos.

Anabel, a professora das crianças, dos jovens e também de algumas velhas senhoras, era a única que acenava com as mão a jovem Iolanda, que denotava certa felicidade ao vê-lá. Era como se os olhares se encontrassem e e as palavras voassem entre os pensamentos das vozes vazias e caladas.

A noite, Iolanda era vista sempre a beira do rio. Parecia companheira das águas calmas. Hora ou outra era vista olhando para o alto, talvez contasse as estrelas, mas muitas vezes elas não apareciam, mas era sempre vista balbuciando alguma coisa. Não se sabe ao certo o que ela fazia lá, mas quem passava ali por perto ficava sempre admirado com a completude que se instaurava entre a rapariga e as águas do Rio Laila, esse batizado com esse nome, por lembrar sempre da lenda que o povo de Anhagaba contava, de que a cada sete anos, é possível ver refletido sobra a água, a imagem nítida de uma índia, que fugindo de caçadores e homens maus, residiu próximo dali por muito tempo, até entrar no rio e entregar-se lindamente a morte em ocasião de um massacre a índios de sua tribo. Laila foi um nome dado meio que por improviso, pois nunca ninguém chegou perto da índia, pois os jovens pescadores da época, fizeram uma promessa a Virgem a quem eles tanto eram devotos, que cuidariam, mesmo de longe da índiazinha, como se cuidassem da própria Mãe do Céu. E assim foi feito. Pois quando ela entrou no rio, muitos a viram entrar e nunca mais sair.

Iolanda, talvez não conhecesse a lenda, pois não se comunicava com ninguém. Era possível apenas vê-la ora sorrindo, ora muito centrada em alguma coisa que nunca entenderam o que era de fato.

Iolanda e seu anel de ouro, era a coisa que mais deixavam as pessoas daquele lugar encafifadas. Colocavam todos num rodamoinho de pensamentos e aguçava a masculinidade dos pescadores, mas logo despertava algo de imaculado, trazendo sobre eles, a esperança que assolara o ambiente quando se via presente aquela jovem.

Nunca de fato, souberam quem era Iolanda Gusmão, nome esse dado pela professora do lugar. Achou-se apenas inscrito sobre a pedra que ela deleitava, sob as noites de lua cheia, a frase A lua que me banha é a mesma que me leva de volta. A índia nunca mais apareceu. E a jovem por sua vez, nunca mais foi vista, depois da festa de São Pedro, na capela de São Pedrinho. Deram depois dos acontecimentos, a alcunha de Virgem a bela jovem da Lua.

7 comentários:

Francine disse...

quisera eu ser lolanda, "a lua que me banha é a mesma que me leva de volta" [amei o conto Kr

Jessica Nere disse...

Krr mais uma vez vc me surpreendeu!
É mto bom te encontrar, não só nas páginas de filosofias, mas tbm nos contos...
Sou sua fã!

Gustavo disse...

Você me surpreende a cada novo texto.
Viajo em sua imaginação. É uma coisa boa. Parabéns!

TA

bia santos disse...

Belo texto. Me lembrou dos escritores clássicos, que eu adoro!

Equipe Mikael Moraes disse...

hummm, rolou até um clima com a Franciene devido ao poema heim...

matou a pau ahuahauahua

parabéns, mto bom msm

http://mikaelmoraes.blogspot.com

Francine disse...

kkk mikael meu nome é francine kkk
queria ser Iolanda pra ter o direito de sumir. vejo esse trankera todo dia e não sou a Iolanda dele FATO entrem e comentem http://umtantoquefrancine.blogspot.com/

Gustavo disse...

Bem. Fico impressionado com a forma que você escreve.
Vejo uma particularidade sua com as letras, palavras, frases e suas conjugações.
Esse conto deixa em aberto um pouco do que é você também.
Não se sabe para onde vai ou como termina, mas mostra um fim quando não se espera outra coisa.
Meu filho, as suas palavras são singulares para mim.
Aprendo a cada instante com essa sua maneira "poética" de ser.

Porntanto, vamos em frente.